Apreensão de mais de mil ampolas de remédios para emagrecer em MG expõe rede ilegal de medicamentos trazidos do Paraguai
19/11/2025
(Foto: Reprodução) Alerta: remédios contrabandeados para emagrecer colocam saúde em risco
Mais de 1.000 ampolas de tirzepatida, medicamentos usados para emagrecimento, já foram apreendidas pela Receita Federal em rodovias do Triângulo Mineiro neste ano. Segundo a Polícia Militar Rodoviária (PMRv), os produtos, fabricados no Paraguai e sem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), indicam a atuação de uma rede ilegal que abasteceria cidades de Minas e Goiás.
As apreensões do medicamento irregular ocorreram em operações de combate aos crimes de descaminho e contrabando.
Segundo o sargento da PMRv, Jonathas Almeida Tomaz, o Triângulo Mineiro é considerado uma região estratégica para a logística de distribuição de mercadorias no país. Por isso, os criminosos têm se aproveitado dessa característica para transportar os medicamentos irregulares pelas rodovias que cortam a região.
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🔎 A tirzepatida é o mesmo princípio ativo presente em medicamentos como o Mounjaro, única marca que pode ser comercializada no Brasil. Segundo a Anvisa, o medicamento é aprovado para tratar diabetes tipo 2 e indicado também, em conjunto à dieta de baixa caloria e aumento de atividade física, para controle crônico do peso. Mas o uso sem acompanhamento médico pode causar riscos graves à saúde. No Brasil, só produtos registrados na Anvisa podem ser vendidos, e o uso exige prescrição médica.
Em outubro, a PMRv apreendeu mais de R$ 200 mil desses medicamentos na BR-365, em Ituiutaba. Os produtos estavam escondidos em garrafas térmicas dentro do veículo.
Duas semanas depois, foram encontradas 36 ampolas de tirzepatida dentro de uma garrafa de água na MGC-497, em Prata. Na mesma rodovia, também foram apreendidas mais de 230 ampolas escondidas no compartimento do filtro do ar-condicionado de um carro.
“Quem está trazendo esses medicamentos, ele tem que pensar que ele está cometendo um crime. Não fica só nessa questão administrativa, de multa, não. Isso aí vai enquadrar num crime com penas de dez a quinze anos", comentou o policial.
Receita Federal verifica possível falsificação
As cargas foram encaminhadas à Receita Federal. O órgão informou ao g1 que os medicamentos são de marcas não autorizadas no Brasil e serão submetidos à perícia da Polícia Federal para verificar possível falsificação.
“Esses medicamentos não poderão ser utilizados. Não poderão ter outra destinação que não seja a destruição. Então, eles serão destruídos, lógico, uma destruição sem agressão ao meio ambiente, mas eles terão que ser destruídos”, disse o delegado da Receita, Luiz Cláudio Martins.
A Receita também vai apurar se o crime é descaminho ou contrabando. Quando o produto é permitido no país, mas entra sem recolhimento de impostos, é descaminho. Se a perícia indicar substância proibida ou falsificada, é contrabando.
O descaminho, definido no artigo 334 do Código Penal, tem pena de reclusão de 1 a 4 anos. Já para o contrabando, previsto no artigo 334-A, a pena de reclusão varia de 2 a 5 anos.
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Médica orienta sobre medicamentos não certificados
O rótulo dos medicamentos apreendidos indica que as ampolas contêm tirzepatida, mas nenhuma tem certificação da Anvisa. A médica endocrinologista Rosana Aparecida de Oliveira alerta para os perigos.
“Desde ter só um soro fisiológico, não ter princípio ativo nenhum, a ter uma coisa muito perigosa, pode ser de tudo. Você não sabe o que tem dentro”, comentou.
Segundo a especialista, automedicação com injetáveis pode causar hipoglicemia, problemas hepáticos e reações graves, além de não garantir o efeito esperado.
Medicamento foi adquirido no Paraguai
PMRv/Divulgação
Ampolas de medicamento semelhante ao usado no Mounjaro estavam em garrafa térmica
PMRv/Reprodução
Ampolas de Tirzepatida apreendidas pela PM em Ituiutaba em outubro
PMRv/Divulgação
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